sábado, 17 de janeiro de 2015

No amor, filha sua (17/01/15)

Chamou-me a vida
Amou-me na sua vida.
Deu-me sua vida e por ela
Fez-me filha do Pai em ti.

Trabalhastes a vida toda
Pelo dia em que ela me doaria.
Trabalhastes com os instrumentos
que pregaram-Te no madeiro e nos
livrastes por inteiro.

Trabalhastes com a madeira durante anos
E na plenitude dos tempos o Cordeiro
se imolou, dando-nos vida plena em Ti,
fomos redimidos pelo Salvador.

Doce coração em tão
doce paixão abandonado,
Doce amor  que vendo os endividados
Deu-se, sendo um Deus supremo,
deixou-se ser aniquilado.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Dois mil anos (16.01.15)

Compreender não cabe a mim,
Amor tão violento e brando,
tanto tempo já se passou
e ainda falam de Ti.
Compreender já não cabe a mim.
Eu que fui conquistada por tal amor,
por dois mil anos encantando-nos
o brilho de tão doce flor.
Compreender não posso,
podendo só te amar
e sendo amada, amar quem me dás
para apaixoná-lo por Ti,
no amor que nos dás.
Compreender já não posso,
os olhares que não se cansam
de espanto ou encanto,
Da Cruz não conseguem fugir.
Compreender pra quê?
Se ao Amor não cabe retaliação.
Sendo suficiente apenas abertas
as portas do coração.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Tumulto (05.12.14)

Quisera que o verbo 
ficasse sempre no passado:

“Estive longe de meu Senhor!”

Se ainda no presente o ouço ressoar

Dói-me o tumultuado coração.



Quisera uma vez ao menos

Sentar-me aos pés do Mestre

E lavá-los copiosamente com

As lágrimas do tumultuado coração.



Quisera estar a sós e falar 
ao ouvido do Senhor e saber 
que também sou ouvida.

Recostar minha cabeça em seu peito

e descansar o tumultuado coração.



Quisera eu não andar mais perdida,

Atrás das recompensas do Divino.

Mas, dar-me apenas e recebê-Lo em mim,

Refazer-me e não ter mais um tumultuado 
coração!

Morrendo de amor (13.11.14)

Quisera eu como Cecília morrer 
tão inflamada de amor, cujas cordas 
vocais, embora dilaceradas cantavam 
melodiosas o amor que as inflamava.

O último e forte motivo para
apartá-la do amor que a nutria,
Tentou por três vezes perder-lê a vida
Separar o seu corpo de sua cabeça, 
o algoz determinado assim a feria.

Querem separar-Te, oh Cristo, 
de seu corpo que és Tu a cabeça
e o corpo por Ti conduzido peregrina 
no mundo a proclamar-Te.

Cecília, embora em leito de morte,
Ensinou ainda Tuas maravilhas.
Quero eu também cantar morrendo 
de amor maravilhas em canção, 
esperando ainda em vida, ter um último 
motivo a impulsionar-me com mais desejo
a alcançar a vida sem fim que ainda em Ti 
espero.

Meu coração está pronto,
se o recebo em comunhão
que importa que o meu corpo feneça,
se o Teu habita nas moradas eternas
lá do Céu?

Pobres Flores (10.11.14)

As rosas que Te dei
efêmeras, morreram.
Pobres flores, 
não tem a mesma sorte que eu tenho!
Se me encontro vazia da beleza
que antes me envolvia, basta ficar
um pouco aos pés da Fonte e me 
volta o vigor
Pobres flores, 
não tem a mesma sorte que eu tenho
Que fonte poderia voltar-lhe à vida?
Nascem e morrem uma só vez e eu
Tantas vezes nasço e morro.
Tantas vezes me vem a vida de novo, 
nascendo da Fonte. 
Embora eu não merecesse, assim me acontece.
Óh, pobres flores, 
não tem a mesma sorte que eu tenho.
Não digo mais sorte, 
pois no fundo não se trata disso...
Vocês, flores, podem até ter sorte, 
porém eu tenho a Fonte,
Eu tenho o Amor!

Sol da Vida (06.11.14)

Bom dia, sol!
Não posso fitar-te.
Fixar os olhos em ti não devo.
Não consigo nem quero,
Olha-lo me queimaria o olhar.
E já não poderia ver tudo 
o que me mostra a tua luz.
Revelas tantas coisas 
e nelas teu fulgor.
Tua luz, teu calor, teu brilho
Mas tu permaneces oculto,
sendo tu revelado nas criaturas.
Olhar-te talvez não seja mais preciso,
Sinto-te queimando-me o peito.
Se não o vejo, que importa?
Se dentro e fora de mim 
o ardor é real, é singelo.

Vejo tuas formas apenas duas vezes...
Nas manhãs e nos crepúsculos
No início do dia, saudoso me beija 
com esperança do amanhã. 
Não durante o dia, sinto-te apenas 
e vejo as coisas por causa de ti. 
Se te ocultas nas nuvens 
posso fitar-te um pouco a silhueta, 
mas já aqui tudo fica meio ofuscado.
Talvez assim seja também a vida 
com meu Jesus. 
Não te comparo a Ele sol, 
antes de começar a comparação, 
tu perderias.
De ardor, fulgor, calor e brilho
Nem tu, oh soberano da galáxia,
Chegaria às portas do palácio 
de meu Rei...
Não chores tu sol, 
pois embora sejas criatura, 
tens importância.
As menores florzinhas 
chorariam sem ti...
Mas o meu Jesus, ah!
Abre-me a vida, 
despertando-me das trevas
Chama-me o dia inteiro 
e mostra-se em meio as 
tribulações nebulosas.
Não é preciso questionar-te 
a presença. 
Está sobre minha cabeça 
me abençoando, mesmo 
em dia de chuva fria,

Oh, crepúsculo! 
Quando chegarás?
Agora entendo o desejo 
de que esse dia logo 
passe e ao morrer o sol
Esteja eu também em Teu Reino.
Que será ver-Te, Rei, meu doce Jesus?
Se olho em tudo e sempre encontro a Ti!
Amando-Te aqui vou decididamente
Até que venha o eterno dia. 
Mas, enquanto este não vem
sofro as demoras de Deus e espero n'Ele!
Habita-me com Teus raios e serei tua mesmo 
com pequenas chamas de amor.